Nesse último sábado, dia 29 de outubro, véspera do segundo turno de uma das eleições presidenciais mais importantes da história, aconteceu a mais nova edição do Visions of Rock no Estelita Bar, localizado no bairro do Cabanga, zona sul do Recife. A primeira desde 2019, e após a pandemia fazer com que os shows não pudessem acontecer por dois anos.
Na ocasião, subiriam ao palco do Estelita as bandas Realidade Encoberta (PE), Ophirae (SP), Blasfemador (CE) e a atração principal Toxic Holocaust (EUA), liderada pelo frontman Joel Grind, que atualmente está em turnê divulgando o último álbum lançado em 2019, intitulado “Primal Future: 2019”.
Ao chegar no Estelita por volta das 20h, percebia-se que a movimentação na casa ainda era bastante baixa, mas ainda se havia a expectativa que mais headbangers chegassem ao longe que se aproximasse do horário do show do Toxic Holocaust, que era a atração mais esperada da noite.
E como também eventos do tipo aqui em Recife costumam atrasar, imagina-se que muitos que iam acharam que isso ia acontecer. Mas, felizmente dessa vez eles estavam errados, porque de 21h, dentro do horário marcado, a banda recifense Realidade Encoberta subia ao palco, dedicando o show para Ajax de Troya, da banda Os Cachorros, falecido no início do mês de outubro.
Foto: Renan Soares
Mesmo com o público presente ainda em baixo número, o Realidade Encoberta fez uma apresentação enérgica, iniciando com uma faixa mais cadenciada, se tratando do cover da música “Devotos do Ódio”, da também pernambucana Devotos, tendo depois aumentado a pegada do som, a partir que seguiram com as músicas próprias.
Foto: Renan Soares
Foto: Renan Soares
No setlist, a banda mesclou músicas presentes em seus dois álbuns, o “Momentos Antes do Caos” de 2014 e o “Não Vivamos Mais Como Escravos” de 2019, e também covers lançado por eles no seu mais recente EP “RxExCIFE 80: Tributo”, onde eles fizeram releituras de faixas de bandas veteranas do underground recifense.
Foto: Renan Soares
E quem conhece o Realidade Encoberta sabe o quanto eles são engajados politicamente, e obviamente não faltou posicionamento por parte deles, ainda mais considerando a eleição do dia seguinte. Aliás, a banda antifascista pendurada por eles na frente do palco já falava por si só.
Por mais que a banda tivesse músicas bastante pesadas e pegadas, infelizmente, os poucos presentes no Estelita naquele momento preferiram curtir mais de boas, mesmo o grupo apresentando um som bem redondinho, e com uma potência vocal bastante forte por parte do vocalista Carlos Underground.
Foto: Renan Soares
Após mais ou menos 40 minutos de apresentação, o Realidade Encoberta encerra seu show, e o Estelita fica na expectativa para o Ophirae.
Foto: Assis Roque
A banda paulista Ophirae é uma das novas revelações do metal extremo nacional, e esse é um dos projetos onde os integrantes prezam pelo “mistério”, já que nenhum dos músicos se identificam, e também se apresentam mascarados.
Foto: Assis Roque
No setlist, a banda apresentou todas as músicas do seu primeiro álbum “Ophidian”, lançado esse ano, mostrando um Black/Death Metal forte, com um baixo bastante destacado, dando muito mais peso as músicas do que a própria guitarra.
Diferente de outras bandas que adotam esse ar mais misterioso (a exemplo da Jupiterian), o Ophirae por algumas vezes interagiu com os presentes, saudando o público nordestino, que segundo ele, é um dos mais calorosos do Brasil (uma pena que na hora ele não foi correspondido a altura).
Foto: Assis Roque
Assim como no show do Realidade Encoberta, o público presente acompanhou o trio paulista de forma mais fria, apenas batendo cabeça em uma música ou outra. O que é uma pena, pois o empenho do Ophirae realmente merecia uma reação a altura.
Foto: Assis Roque
Sem perder muito tempo, os cearenses do Blasfemador montaram o palco e iniciaram sua apresentação com um Thrash Metal Old School para headbanger nenhum botar defeito.
Foto: Assis Roque
Nesse momento os presentes no Estelita parece que finalmente acordaram (inclusive em relação a quantidade), pois foi aqui onde finalmente tivemos os primeiros mosh pits da noite (tendo esse que vos escreve tendo sido levado por um acidentalmente em uma ocasião) e cantaram junto com a banda.
Foto: Assis Roque
O Blasfemador, que tem suas letras todas em português, mesclou músicas dos seus dois álbuns “A Meia Noite Levarei Tua Alma”, de 2010, e “Cosmofobia”, de 2021.
Foto: Assis Roque
Assim como no show do Realidade Encoberta, o Blasfemador também fez questão de se posicionar politicamente sobre a eleição do dia seguinte, com o baterista tendo se apresentado com uma camisa escrito “Fora Bolsonaro”, e também com uma bandeira pró-Lula sendo levantada e mostrada no meio da apresentação. Devo destacar aqui também a presença de palco do vocalista Fabrício Estripador, que deu um show a parte, contagiando o público com seu jeito instigado de se portar no palco.
Foto: Assis Roque
Foto: Assis Roque
E após mais um show frenético de mais ou menos 40 minutos (o padrão daquela noite), o Estelita entrava na expectativa para a apresentação da banda principal: o Toxic Holocaust.
Felizmente, um dos pontos positivos do evento foi a pontualidade, tanto na hora de começar os shows quanto nos intervalos. O tempo de espera entre uma atração e outra não passou de 20 minutos, e o padrão se manteve antes do Toxic Holocaust subir ao palco.
Foto: Assis Roque
Nesse momento finalmente ter total noção da quantidade exata de pessoas que estavam no Estelita naquela noite, no caso não tivemos casa cheia, não também o salão não ficou com grande buracos vazios, e quando Joel Grind tocou os primeiros acordes, o público presente fez a pista virar um verdadeiro pandemônio.
Foto: Assis Roque
Durante os quase 50 minutos de apresentação do Toxic Holocaust, tanto a banda quanto a plateia entraram em êxtase máximo, com os mosh pits se intensificando completamente e com Joel não parando um segundo de se movimentar no palco, mesmo tendo também a função de baixista.
Foto: Assis Roque
Mesmo sendo a banda com a discografia maior em comparação as outras que tocaram naquele fatídico sábado, o Toxic Holocaust também fez um show com menos de uma hora de apresentação, tempo esse que passou rápido, dada a intensidade que foi.
Foto: Assis Roque
Foto: Assis Roque
E após mais ou menos 4 horas de evento, o Visions of Rock se encerrava ali, após um sábado de shows intensos.
Sendo assim, podemos dizer que o saldo do evento é bastante positivo, além da questão da pontualidade, como ressaltei ao longo do texto, outra coisa que não falhou foi o som, pois da primeira até a última banda se ouviu tudo claramente, sem nenhum instrumento se sobrepor ao outro.
Da mesma forma que em nenhum momento houve qualquer problema técnico que atrapalhasse o decorrer das apresentações. Ou seja, os responsáveis pela parte técnica fez um excelente trabalho.
E como mencionei anteriormente, o Estelita não teve casa cheia naquela noite, mas também não foi nenhum público de gatos pingados como já vi em outros eventos underground no mesmo Estelita, mas o mesmo foi chegando aos poucos ao longo que as apresentações foram ocorrendo, tendo atingido o pico na hora do Toxic Holocaust, como era o esperado.
E por mais que nas duas primeiras apresentações o público parecia que ainda estava acanhado, a energia que os mesmos passaram durante as apresentações do Blasfemador e do Toxic Holocaust fizeram com que toda a noite valesse a pena.
No mais, parabéns a toda produção do Visions Of Rock por mais um evento de alto nível na capital pernambucana.