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  • Foto do escritorRenan Soares

Resenha: confiram como foi "O Rolê", no Estelita


Antes iniciarmos a cobertura do show propriamente dito, batizado de “O Rolê”, que ocorreu no último domingo, dia 16 de abril, no Estelita Bar em Recife, zona sul da cidade, quero pedir uma licença de vocês leitores para fazer um pequeno desabafo.


Confesso que pensei várias vezes se eu iria cobrir esse show, por motivos que já faz um bom tempo que eu não faço cobertura de eventos de bandas locais por motivo de desânimo com os mesmos, tanto que essa é a minha primeira resenha de um festival do tipo depois 4 anos.


E o motivo desse meu desânimo com esse tipo de evento é o fato de ter feito muitas coberturas do tipo no passado (para um site o qual escrevia até meados de 2021) e meio que ninguém se importava com os textos que eu fazia a respeito, entre eles as próprias bandas e produção envolvidas (não todos, mas boa parte). Com isso, eu acabava perdendo muito tempo e energia com textos que não me rendiam praticamente nada em visualização, sem falar que boa parte desses eventos acabavam sendo bastante tediantes por na maioria das vezes contar com um público pífio de gatos pingados e completamente desanimados, e por serem inflados com um número excessivo de bandas em horários muitas vezes tardios, o que contribuía para que o pouco público presente ficasse cansado e fosse embora antes de todas as bandas se apresentarem.


E juntando com isso tudo, a quarentena causada pela pandemia, que me deixou recluso em casa por quase dois anos, tirou bastante da disposição que eu tinha no passado para acompanhar esses eventos quase que semanalmente, do inicio ao fim, mesmo nas vezes que eu estava tão cansado que minha maior vontade era ir embora mais cedo pra ir para casa dormir.


Mas, o que me fez decidir ir cobrir “O Rolê” no fim das contas, apesar disso tudo que relatei? Bom, primeiramente o fato dos próprios envolvidos (mais especificamente integrantes das bandas Viena e Acervo) terem me convidado formalmente, colocando meu nome na lista, e também a conversa que tive com os mesmos me convenceu, já que os mesmo me disseram que aquele evento era um jeito que eles arrumaram para juntar todos os integrantes da cena (fossem eles bandas, músicos, público ou imprensa) e fazer a mesma cresce e se movimentar.


E como vocês podem ver, por conta de todas essas coisas que relatei eu acabei caindo muito numa zona de conforto em relação as minhas coberturas a qual estou com muita dificuldade de sair, e confesso que preciso recuperar um pouco do ímpeto que eu tinha temos atrás, porque no fim estou me tornando mais um a me focar apenas em bandas já consagradas e esquecendo um pouco da cena local. Se tudo isso que eu falei vai de fato surtir efeito ou se no fim só estou falando isso tudo a mesmo, lá na frente descobriremos.


Mas enfim, deixemos de enrolação e vamos falar um pouco mais sobre o que aconteceu no “O Rolê”, que contou com a apresentação das bandas Cauê Castro, Projeto Camaleoa, Viena, Acervo e Mangroov.


Uma característica importante do evento daquela tarde/noite era o fato que as atrações eram de estilos diversos dentro do rock, sendo a primeira delas o cantor recifense Cauê Castro, que trazia ali a sua banda.



O som do músico é uma pegada bem alternativa, focado bem mais em uma sonoridade mais acústica, mesmo tendo uma guitarra elétrica em sua composição.

O público presente no Estelita no momento ainda era pequeno e bastante acanhado, tendo Cauê pedido para os mesmos se aproximarem do palco por duas vezes para interagir mais com o show.



A apresentação transcorreu com uma vibe bem tranquila, assim como são as músicas do Cauê, e com uma ótima qualidade técnica, contanto com excelentes músicos e um som que possibilitou a audição de exatamente tudo.


O Rolê seguiu agora com a apresentação do Coletivo Camaleoa, que se apresenta não exatamente como uma banda, mas sim como um coletivo de compositores locais para fazer um mix de sonoridades.



E podemos dizer que a apresentação do mesmo foi o ponto alto da noite, já que foi o momento que o Estelita ficou com seu maior pico de público, e também pelos presentes terem interagido bastante com o grupo, tendo sido uma das poucas atrações daquele dia que contou com a plateia cantando em coro suas músicas.


A própria banda se mostrou bastante instigada no palco, principalmente o vocalista Erraudo, que além de bastante animado também foi pular com a galera.



O Coletivo Camaleoa apresenta um som que bebe bastante das fontes regionais, mais especificamente do Manguebeat, contando com percussão nas suas músicas, entre elas a famigerada alfaia, tão presente na banda Nação Zumbi, anteriormente liderada pelo saudoso Chico Science. A referência é tão forte, que houveram faixas que lembraram bastante a banda Nação Zumbi, contando também com uma guitarra mais pesada.


Podemos dizer que o show do Coletivo Camaleoa foi o melhor da noite, pois contou com qualidade de som, música boa e muita animação, tanto por parte da banda quanto do público.


Agora era a vez da Viena se apresentar, banda com fortes referências as bandas de Rock que estouraram no início dos anos 2000.



Em comparação com as atrações anteriores, a Viena já era uma das bandas do dia com a sonoridade mais pesada, sendo algo bem nostálgico para quem acompanhou a MTV lá pelos anos 2000, com fortes influências em bandas como Fresno e Scalene.


Apesar das ótimas músicas do grupo, e ainda mais da instiga do baterista Tiago Fagundes, o público voltou a ficar mais acanhado e em menor número durante a apresentação em questão só acompanhando de forma mais de boa.



Muito provavelmente por duas bandas mais “leves” terem se apresentado anteriormente, a regulagem do som acabou um pouco prejudicada no show da Viena, já que os instrumentos acabaram engolindo em partes a voz do frontman Tiago Saci, dificultando o entendimento das coisas que ele cantava e falava.


Em seguida tivemos a Acervo, que de todas as bandas do line é a única que acompanho desde o início da carreira, que assim como a Viena, tem uma pegada mais pesada, apesar dos lançamentos recentes terem ficados com uma sonoridade mais leve.



Mas, mesmo as músicas mais leves tiveram uma sonoridade pesada no show daquela noite, dando mais intensidade a apresentação, que também o problema de regulagem dos volumes, fazendo com que tudo ficasse abafado, e a voz do tecladista Pablo fosse completamente engolida.


Minha maior surpresa foi ver Tiago Fagundes, que era o vocalista original do grupo, assumir de vez a bateria, enquanto a voz principal ficou com Waldir, que assumiu a função muito bem, não deixando nada a dever.



Em relação ao público, nada se alterou muito em relação a apresentação anterior, apenas com o diferencial de durante o show da Acervo ter havido algumas rodas punks bem tímidas durante as faixas mais pesadas.


Já eram mais de nove da noite quando a Mangroov, última atração da noite, subiu ao palco do Estelita para fechar O Rolê com chave de ouro. Banda essa que assim como a Projeto Camaleoa, também bebe bastante da fonte do Manguebeat, mesclando inclusive seu repertório autoral com covers da Nação Zumbi.



Apesar de boa parte do público presente já ter deixado o Estelita naquele momento, tendo sobrado apenas algumas poucas pessoas. Mas apesar disso, os que permaneceram estavam bastante animado e interagiram com a banda, que também estava bem instigada, do início ao fim.



E assim foi O Rolê, que juntou uma boa galera da cena underground com shows que animaram a tarde/noite de domingo de todos. Que mais eventos assim ocorram ao longo dos anos, valorizando a rica cultura da cena recifense.

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